Profilaxia de endocardite infecciosa: o que diz a última diretriz europeia?
Apesar de todo avanço na Medicina com métodos diagnósticos e desenvolvimento / aperfeiçoamento de antibióticos, a Endocardite infecciosa (EI) ainda é uma das entidades patológicas com maior letalidade. A profilaxia antimicrobiana seria uma ferramenta factível para prevenir esta complicação e portanto vamos discutir neste post o que mudou com os novos guidelines.
Desde os Guidelines de 2002, as indicações de Profilaxia tornaram-se mais restritivas o que foi ampliado no Guideline Europeu de Endocardite Infecciosa publicado em 2015 que baseou-se nas seguintes observações:
Bacteremias de baixa intensidade ocorrem frequentemente em atividades rotineiras como escovação dentária, uso de palito de dentes , fio dental e até mesmo na mastigação o que é potencializado em pacientes com má saúde dental. Em modelos animais foi demonstrado um maior risco de EI associado às bacteremias diárias de baixo intensidade (maior carga de bacteremia) em comparação às bacteremias de alto grau. “Um estudo teórico da bacteremia cumulativa, durante cerca de um ano, calculou que a bacteremia do dia-a-dia é seis vezes maior do que a bacteremia causada por uma extração dentária isolada”. A maioria dos Estudos Caso-Controle não evidenciou relação entre os procedimentos dentários e risco de EI. Observamos alguns pontos :
A administração de Antibióticos pode trazer pequeno risco de anafilaxia;
O uso de antibióticos de forma generalizada pode resultar na emergência de bactérias resistentes.
A eficácia dos antibióticos profiláticos só foram comprovados em modelos animais e os efeitos em humanos ainda são controversos.
O guideline Europeu publicado em 2015 restringiu ainda mais a utilização de antibióticos profiláticos a condições de alto risco ( alta incidência de EI e/ou alto risco de desfechos graves) como resumiremos nas tabelas abaixo:
OBS: Neste documento, não está indicada profilaxia para pacientes com Prolapso de valva mitral, Valva aórtica bicúspide ou bivalvular, estenose aórtica calcifica. Porém nestes paciente de risco intermediário são aconselhados sobre a importância da higiene oral e proteção cutânea.